Tubarão-lixa se reproduz no Projeto TAMAR em Praia do Forte

Nasceram mais 3 tubarõezinhos da espécie Ginglymostoma cirratum no TAMAR Praia do Forte-BA. A fêmea de tubarão-lixa apelidada de “Mascote” procriou pela primeira vez. Outra fêmea, apelidada de “Açaí” teve filhotes em 2013, 2015 e 2017. Com esses primeiros registros na América do Sul, o Projeto TAMAR, que conta com o patrocínio da Petrobras há 36 anos, reúne informações relevantes para a ciência, pesquisa e conhecimento mundial sobre a espécie classificada como “Dados Insuficientes” pela Lista Vermelha da IUCN – União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais.


Uma ultrassom feita em parceria com pesquisadores do curso de veterinária da Universidade Federal da Bahia – UFBA, no início de junho/2018, revelou que a tubarão-lixa (Ginglymostoma cirratum) “Mascote” estava grávida pela primeira vez. Foram vistos 6 filhotes nadando na barriga da nova mamãe. Entre o Dia Mundial do Meio Ambiente (5) e o Dia Mundial dos Oceanos (8), nasceram 03 filhotinhos com pesos entre 70 e 90g e comprimento total entre 24,5 e 24,9cm. Já estão serelepes a nadar em uma piscina especial, separados dos adultos, ainda em observação.


“Estamos na expectativa de mais um nascimento, pois a Mascote ainda pode estar grávida!”, conta a médica veterinária do TAMAR, Thaís Pires. Por isso, outra ultrassom deve ser feita nesta semana ou na próxima para verificar se ainda há filhotes.


Entre junho e agosto de 2013 nasceram fêmeas e machos. Dois anos depois, foram observados novos comportamentos reprodutivos e mais filhotes nasceram em abril de 2015. Os tubaroezinhos vieram ao mundo com pesos entre 60 e 110g e comprimento total entre 20,5 e 27cm, o que se repetiu em julho de 2017. Hoje, os primogênitos estão no TAMAR Aracaju e na Praia do Forte, cada um com cerca de 30kg e 1,80cm de comprimento, e colecionando sorrisos e a curiosidade dos visitantes que adoram conhecê-los e alimentá-los.


É uma das espécies mais comuns em aquários no mundo e se adapta muito bem à vida aos cuidados humanos, sendo considerada uma importante ferramenta de conservação e educação. Nas últimas três décadas, as técnicas para a manutenção destes animais têm se especializado, com a possibilidade da realização de vários trabalhos relacionados a estratégias reprodutivas, tamanho de primeira maturação e outros parâmetros do seu modo de vida. Porém, a reprodução em piscinas ainda é um grande desafio. Estes são uns dos poucos registros no mundo em que todas as fases do ciclo de vida desses animais ocorre em piscinas e no TAMAR foi o primeiro registro da América do Sul.


“Desde que os primeiros tubarõezinhos nasceram, em 2013, a vida continuou seu ciclo inevitável, mesmo fora do habitat, o que significa que estão se sentindo bem aqui, comenta o coordenador nacional do Projeto TAMAR, Guy Marcovaldi. Para o oceanógrafo, além de uma grande alegria para todos no TAMAR, é uma oportunidade sem igual poder acompanhar o desenvolvimento dessa espécie para compreender melhor sua biologia.


Tubarão-lixa – Essa é uma espécie ovovivípara, o que significa que produz ovos que se desenvolvem e eclodem dentro do corpo da fêmea. Logo após nascerem, os filhotes já estão prontos para enfrentar os desafios para sua sobrevivência sem auxilio da mãe (assim como as tartarugas marinhas). Podem nascer de 21 a 50 indivíduos, com uma média de 34, aproximadamente.


O acasalamento pode acontecer a cada dois anos. Os tubarões mais jovens têm uma coloração diferenciada dos adultos, com pintinhas escuras pelo corpo. Ao nascer, os filhotes precisam enfrentar os perigos sem os cuidados da mãe. A coloração diferente permite que se camuflem, ficando quase invisíveis. Quando atingem uma média de 60 cm vão perdendo as pintinhas e ficando com uma coloração marrom-amarelado escuro. Os machos chegam à fase adulta entre 2,14 e 2,15 metros, e as fêmeas entre 2,23 e 2,31 metros.


O tubarão-lixa ocorre em toda costa brasileira e é amplamente distribuído no Oceano Atlântico tropical e subtropical. Vive em fundo de areia, próximo a rochas e corais em águas mornas, desde a superfície até uma profundidade de 60 metros. Possui hábitos noturnos e permanece imóvel por horas durante o dia. Alimenta- se de moluscos, crustáceos e peixes, que captura por sucção.


Lista Vermelha – Há evidências qualitativas recentes de declínios populacionais em várias áreas, bem como declínio e fragmentação do tamanho do alcance geográfico. A espécie é extremamente vulnerável à pesca costeira, sendo incidentalmente e deliberadamente capturada tanto em redes como em espinhel. É um alvo fácil de pesca submarina devido ao seu comportamento sedentário e dócil. O tubarão-lixa também é vulnerável a impactos costeiros indiretos, particularmente em áreas de recifes, que constituem seu habitat principal. Devido à falta de dados do seu alcance no Pacífico Oriental e do Atlântico Oriental, e à necessidade de mais investigações sobre estas espécies nestas áreas, a espécie é atualmente avaliada como “Dados Insuficientes” a nível mundial. Fonte: The IUCN Red List of Threatened Species.


O Projeto TAMAR começou em 1980 a proteger as tartarugas marinhas no Brasil. A Petrobras é a patrocinadora oficial do TAMAR, por meio do Programa Petrobras Socioambiental. A Fundação Pró-TAMAR é a principal executora das ações do PAN – Plano Nacional de Ação para a Conservação das Tartarugas Marinhas no Brasil do ICMBio/MMA. O TAMAR trabalha na pesquisa, proteção e manejo das cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no país, todas ameaçadas de extinção: tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata), tartaruga-verde (Chelonia mydas), tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea) e tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea). Protege cerca de 1.100 quilômetros de praias e está presente em 26 localidades, em áreas de alimentação, desova, crescimento e descanso das tartarugas marinhas, no litoral e ilhas oceânicas dos estados da Bahia, Sergipe, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina.


Visite www.tamar.org.br

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